terça-feira, 18 de novembro de 2014

Outros Carnavais: O Futebol no Mundo do Samba

Por: Thays Girardi


O Carnaval e o Futebol são duas paixões dos Brasileiros e possuem muita semelhança. Tanto os jogadores quanto os membros das escolas precisam de treinamento, preparação física e concentração, para que, no dia do desfile e da partida, possam fazer bonito na avenida e no gramado.
No mundo do futebol, os torcedores e expectadores lotam as arquibancadas para assistirem seu time jogar, torcendo e aplaudindo a cada jogada bonita ou a cada chance de gol e em um desfile não é diferente. As pessoas vão para as arquibancas e a cada refrão do samba-enredo de sua escola de preferência, os expectadores vão a loucura, principalmente quando ocorre a famosa paradinha da bateria.
O carnaval e o futebol são capazes de atrair milhões de brasileiros para os estádios e avenidas e quando esses dois se misturam não pode dar em outra coisa além de festa.


As escolas muitas vezes escolhem o tema futebol como seu enredo, podendo focar em clubes, seleções, jogadores ou algum personagem que esteja ligado a esse mundo.


Lamartine Babo, compositor de
11 hinos dos clubes cariocas.
Um dos primeiros sambas-enredo ligado ao mundo do futebol foi o da Imperatriz Leopoldinense em 1981. A verde e branco de Ramos homenageou Lamartine Babo, compositor dos hinos de 11 clubes cariocas. Com o enredo “O Teu Cabelo Não Nega – Só Dá Lá” em referência a uma das marchinhas que Lamartine compôs, a Imperatriz saiu campeã no carnaval carioca daquele ano.


Desfile da Caprichosos em 1985.
Em 1985 esse tema foi abordado novamente, mas dessa vez pela Caprichoso de Pilares. A escola que hoje está no grupo A de acesso, relembrou carnavais passados e tempos da seleção, além do sumiço da Taça Jules Rimet, no México em 1970.


Carro alegórico da Beija-Flor em 1986.

A Beija-Flor de Nilópolis foi outra a falar de futebol. A escola teve como enredo “O Mundo É Uma Bola”, e conseguiu conquistar o vice-campeonato em 1986.







Ary Barroso, personagem do mundo do futebol
homenageado pela União da Ilha do Governador.
Um dos personagens homenageados pelo mundo do carnaval foi o compositor e radialista Ary Barroso. Torcedor fanático do Flamengo, Ary não escondia sua preferência durante as transmissões do jogo. A União da Ilha do Governador levou para a Sapucaí em 1988 o enredo “Aquarilha do Brasil”, tendo uma ala composta apenas por jogadores do time da Gávea, porém a escola ficou na sexta colocação.  




Entrando nos anos dos centenários dos clubes, Flamengo, Vasco e Fluminense receberam homenagens na Marquês de Sapucaí.
O primeiro foi o Flamengo em 1995, em que a Estácio de Sá, primeira escola de samba do Brasil, homenageou o centenário do clube com o enredo “Uma Vez Flamengo”. O samba contava a história de um dos maiores times do futebol brasileiro, porém não foi o suficiente para empolgar o público e os jurados. A escola acabou ficando em sétimo lugar no desfile pelo Grupo Especial. 


Em 1998, ano em que o Vasco comemorou seu centenário, o time foi homenageado pela Unidos da Tijuca com o enredo “De Gama a Vasco, a Epopéia da Tijuca”. A escola relembrou o navegador português Vasco da Gama, além de contar a origem operária do clube e sua luta contra o racismo.
A escola era a sexta a desfilar na segunda-feira de carnaval. Como enredo falava do Vasco e o time havia sido campeão brasileiro no ano anterior, a procura por ingressos foi grande e se esgotou rapidamente, aumentando ainda mais a expectativa para o desfile.
O desfile contou com a presença de jogadores como Juninho Pernambucano, Romário e Edmundo que havia vindo da Itália para o desfile. Porém isso não foi o suficiente para que a escola conseguisse uma boa qualificação.
A Unidos da Tijuca terminou na 13ª colocação sendo rebaixada para o Grupo de Acesso, sendo campeã do grupo de acesso e voltando para o grupo especial no ano seguinte .
O samba-enredo foi adotado pela torcida, que jamais esqueceu e até hoje canta nas arquibancadas dos estádios. Com o refrão “Vamos vibrar meu povão (é gol, é gol) / A rede vai balançar, vai balançar / Sou Vasco da Gama, meu bem / Campeão de terra e mar”, é um dos poucos sambas que é cantado até hoje pelas torcidas homenageadas.




Carro alegórico no ano do centenário do Fluminense.
Já o Fluminense comemorou seu centenário em 2002, mas só em 2003 foi homenageado. A Acadêmicos da Rocinha não deixou essa data ser esquecida e com o enredo “Nas Asas da Realização, Entre Glórias e Tradições, a Rocinha Faz a Festa dos 100 Anos de Campeão... Sou Tricolor de Coração!” foi para a Avenida. Porém, assim como as escolas que homenagearam os outros times em seus centenários, não se saiu bem e ficou em 13ª colocação no Grupo de Acesso.


Nilton Santos homenageado pela Vila Isabel em 2002.
Falando em personagens homenageados, tivemos Nilton Santos, homenageado pela Vila Isabel em 2002. O ex-jogador ganhou o apelido de Enciclopédia e é considerado por muitos o maior lateral, desfilou na escola em que o enredo era “O Glorioso Nilton Santos... Sua Bola, Sua Vida, Nossa Vila...” e contava suas passagens pelo Botafogo e pela Seleção, além dos títulos conquistados.
A escola ficou em segundo lugar no grupo de Acesso e não subindo para o grupo especial por conta de um erro de um jurado.


Outro personagem marcante do futebol é Ronaldo Fenômeno, que foi homenageado pela Tradição em 2003 (escola do Rio) e pela Gaviões da Fiel (escola de São Paulo) em 2014.
Ronaldo Fenômeno no desfile pela Gaviões da Fiel. 
Pela Tradição, com o enredo “O Brasil é Penta, R é 9 - O Fenômeno Iluminado”, Ronaldo é homenageado no ano seguinte do Brasil ter conquistado seu pentacampeonato, onde foi o artilheiro da Copa. O desfile contou a sua história, porém por conta de um problema de saúde não pôde participar do desfile, sendo representado por sua mãe. A Tradição nesse ano ficou com a 13ª colocação no Grupo Especial.
Já esse ano, 2014, a Gaviões decidiu tê-lo como enredo e ao contrário do ano em que foi homenageado pela Tradição, pôde estar presente no desfile e foi muito gritado pela torcida. O enredo contou a sua história desde que ele era criança até o encerramento de sua carreira no Corinthians. A Gaviões ficou na décima colocação.


Zico no carro alegórico da Imperatriz em 2014.
O último e mais recente personagem homenageado foi Arthur Antunes Coimbra – o Zico. O maior ídolo da história do Flamengo foi homenageado pela Imperatriz Leopoldinense em 2014. Com o enredo “Arthur X: O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Impereatriz”, a escola contou a sua história dentro de campo. Zico desfilou na segunda-feira de Carnaval e trouxe ao seu lado grandes nomes do futebol brasileiro como Roberto Dinamite, Edmundo e Rivelino.
A verde e branco de Ramos terminou na 4ª colocação, fazendo a alegria dos torcedores do Flamengo e da Imperatriz, porém infelizmente Zico nunca pôde dar uma alegria aos torcedores da Seleção Brasileira.


Essa é a prova que futebol e carnaval fazem um bom samba. Só podemos esperar que as Escolas de Samba continuem homenageando cada vez mais nossos clubes, seleção e personagens do mundo do futebol e que estejam sempre uma ligada a outra.

5 comentários:

  1. As maiores alegrias do povo, unidas em uma única matéria. Muito bem elaborada .Show.Parabéns!
    Jane Saraiva

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  2. Futebol e carnaval uma mistura perfeita.
    Texto bem escrito! Parabéns!!
    Katia Correia

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  3. Texto muito bem desenvolvido!
    Abordagem de um texto onde todo povo carioca tem muito interesse e como todos sempre falam Carnaval e Futebol sempre estão lado a lado!
    Parabéns!

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  4. Muito bom texto.
    Conseguiu mostrar porque Carnaval e Futebol sempre andam juntos.
    Parabéns!!!
    Milward Girardi

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